A COLHEITA DE AZEITONAS
A
Itália está entre os maiores e melhores produtores de azeitonas (oliva) do
mundo. Destaque ainda para sua enorme produção de “l’olio extra vergine” que nós conhecemos por azeite extra virgem.
Mas
como é produzido o famoso azeite extra virgem italiano? Como tudo acontece...
da colheita até o momento que consumimos o azeite em nossas mesas?
SONHAR E VIVER ITÁLIA
foi conhecer esse processo, da colheita até produção final, passando por uma
deliciosa lição de como fazer a degustação de mais essa iguaria da culinária
italiana. Um dia (una gioanata)
intensa e meravigliosa de muitas
descobertas e prazeres que passamos a descrever.
O sábado,
17 de novembro amanheceu com frio de apenas 2º C. Mesmo assim a disposição era
grande e pegamos o trem de PERUGIA para a cidade de FOLIGNO onde fomos
recebidos no FRANTOIO IL CASTELLO
por seu proprietário Giovanni Tosti,
um simpático aposentado da companhia de trens Trenitalia que hoje se dedica
exclusivamente à atividade agrícola.
Mas
o que é FRANTOIO? É o local onde se
processa a uliva, do grão até o engarrafamento do azeite que consumimos e o FRANTOIO IL CASTELLO está entre os
melhores e mais tradicionais da região UMBRIA.
Mas antes desse processamento…
Do FRANTOIO seguimos para a campagna
umbra, local já na zona rural, aos pés de uma cadeia de montanhas próxima ao
Monte Subasio, onde se localizam as plantações (ulivetti) do IL CASTELLO.
A
colheita (raccolta) da azeitona se
inicia, em geral, no início de outubro e vai até meados de dezembro. Em regra
geral a azeitona colhida em meados de outubro apresenta uma coloração “meio
verde e meio preta” e é a que produz o melhor azeite. A colheita pode ser feita
com uma máquina que derruba os grãos dos galhos ou de forma manual que ainda é
mais tradicional e bela do processo.
Foto: Giovanni Battisti Tosti, proprietário do Frantoio Il Castello. |
O
ambiente é magico e até lembrei da novela Terra
Nostra e do filme Il Quattrino...
além da beleza das plantações a alegria dos colhedores era contagiante.
Imediatamente fomos convidados a nos integrar ao grupo e aprender o “como se faz” da colheita manual, a forma
como pegar os grãos, o movimento das mãos... tudo tem um “jeito certo”... fiz de tudo, colhi com as próprias mãos no chão e até
subi na escada para alcançar os galhos mais altos... no final uma foto comemorativa
que vou levar no coração para toda a vida. Gente humilde, espontânea,
acolhedora e alegre... vera gente
italiana.
Na sequência fizemos um giro até a parte mais alta da montanha passando por vários vilarejos (paesini como se diz aqui), vista de tirar o fôlego e durante o trajeto o Giovanni nos contou a história da família... seu tataravô era condottieri (condutor lider) do Papa e quando prestes a se aposentar ganhou do Sumo Pontífice uma área de terras como recompensa pelos bons serviços prestados. Desde então, dos longínquos idos de 1700, a família se dedica à produção de azeitona e azeite na Umbria onde a terra e clima são propícios para tal cultura. Vejam que estamos falando em mais de três séculos de história e tradição da família e de um dos melhores azeites italianos.
De volta ao FRANTOIO acompanhamos todo o processo de produção, da chegada das imensas caixas com azeitonas recém colhidas…
Até a final saída do óleo…
Chegada
das azeitonas, lavagem inicial, separação das folhas, a retirada dos caroços, a
granulação, fermentação e, finalmente, o óleo...
No
final a depuração e o embotigliamento (engarrafamento).
O IL CASTELLO é um FRANTOIO pequeno, de produção quase artesanal, de 300 mil litros/mês,
mas está pronto para exportar para o Brasil.
Depois, quando achávamos que a visita estava acabando, veio a “cereja do bolo” e em volta da lareira uma aula de degustação de azeite... Nem imaginava. Acostumada a usar o azeite como tempero, comer com pão... Giovanni ensinou como degustar e avaliar um bom azeite nos indicando os três critérios práticos para isso, os aspectos, proffumo, amaro e picante.
Depois, quando achávamos que a visita estava acabando, veio a “cereja do bolo” e em volta da lareira uma aula de degustação de azeite... Nem imaginava. Acostumada a usar o azeite como tempero, comer com pão... Giovanni ensinou como degustar e avaliar um bom azeite nos indicando os três critérios práticos para isso, os aspectos, proffumo, amaro e picante.
Na primeira fase da degustação se sente o
proffumo (o aroma) do azeite; com uma pequena porção esquenta-se o copo de
plástico girando na própria mão e depois sente-se o profumo.
Na segunda fase com as laterais da língua
analisa-se seu aspecto “amaro”, amargo girando o azeite pela boca.
Na terceira fase, e ultima, fazendo a
aspiração, leva-se o azeite até a garganta onde se sente e avalia seu aspecto
picante (ardido).
Por fim comer uma pasta de massa folhada com recheio e recoberta de azeite… algo de comer agradecendo pela oportunidade.
Por fim comer uma pasta de massa folhada com recheio e recoberta de azeite… algo de comer agradecendo pela oportunidade.
Um
bom azeite é o que apresenta todos esses elementos de forma equilibrada.
Depois
dessa intensa jornada… a “tristeza”
do fim… mas com a alegria e certeza de ter experimentado uma das mais antigas
tradições da agricultura e culinária italiana.
Mas
antes de encerrar esse post acho que vale a pena fazer alguns apontamentos
sobre a importância da “cultura da azeitona”.
Foto: Equipe de trabalho de colheita Il Castello |
A
azeitona (oliva) é um “fruto” que significa sabedoria, conhecimento e humildade. Sob o aspecto religioso é de
grande importância e conta com 70 citações na Bíblia. Consta ainda que Noé
colocou em sua arca ramos de oliveiras como forma de replantar a terra após o
dilúvio. Mas, sem dúvida alguma, a passagem bíblica mais importante se refere
aos dias que Jesus Cristo passou no Monte degli Ulivi (monte das oliveiras)
antes de entrar em Jerusalém na chamada paixão de Cristo (sexta-feira santa),
foram os dias que Ele se preparou para a morte e ressurreição, ou seja, dias de
sabedoria e humildade. Muito ainda se poderia dizer sobre a importância bíblica
da cultura da azeitona, mas paro aqui.
A
Itália esta entre as maiores e sua produção anual é atualmente de 183 mil
toneladas de azeite extra virgem. O país já foi o maior produtor de azeite
extra virgem, mas hoje foi superado pela Espanha, Grécia e Tunísia. Apesar
disso o que destaca o azeite puro italiano é a qualidade.
As
grandes indústrias italianas ainda costumam adquirir azeitonas em outros países
como Espanha e Grécia, aqui processam a matéria prima como um blend que é vendida
com o selo “made in italy”. Porém nas regiões Puglia, Calabria, Toscana e
Umbria ainda se destacam as produções em pequenos frantoios normalmente
organizados em forma de cooperativas. O azeite
extra virgem dessas regiões está entre os melhores do mundo.
O azeite extra virgem italiano é, sem dúvida, muito apreciado no mundo todo, mas a experiência de passar um dia ou algumas horas na campgna umbra acompanhando e participando da colheita é algo que vale, em uma vida, ser sentido com os olhos e o coração. Algo que SONHAR E VIVER ITÁLIA pode propiciar para você.
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